segunda-feira, 22 de julho de 2013

Jay Gatsby ou sobre o ter.

(Resenha do livro O Grande Gatsby, de Fitzgerald. SPOILER!)

A vida de Jay Gatsby nos é narrada através dos olhos de Nick Carraway, um rapaz simples que alugou uma casinha ao lado da mansão de Gatsby. Passou um bom tempo sem saber quem ele era, até participar de uma das festanças que Gatsby promovia em sua casa todos os finais de semana. Através dos relatos de Nick, vemos um anfitrião alheio à sua própria festa. Ele não parece preocupado com status, nem com que os outros dizem dele. Não recebe pessoalmente e nem fica tentando agradar seus convivas. Um homem muito misterioso.

Um pedido muito estranho de Jay a Nick nos faz desconfiar dos reais objetivos do protagonista: ao pedir a Nick que convida Daisy para ir à sua casa, e assim promover o seu reencontro com aquela a quem ele amou em sua juventude, ele diz que deseja que Daisy veja sua casa. Algo inusitado nesse desejo, mas parece que Jay estava certo: Daisy parece mais emocionada ao ver alguns dos cômodos da mansão do que vê-lo, depois de tantos anos, ele, que foi o amor de sua juventude.

A suspeita de que Gatsby estava tentando impressionar Daisy através de suas posses se confirma: ao conhecer alguns flashes de seu passado através do narrador, descobrimos que enriquecer para ficar co Daisyera o seu objetivo de vida. Sim, ele acreditava que suas posses era a única coisa necessária para tê-la junto dele. Acreditava, inclusive, que ela deixaria seu marido e sua filhinha para ficar com ele. Porém, em nenhum momento, Daisy mostra a intenção de deixar Tom.

Percebemos, ao final, que Gatsby se esforçou tanto por 'ter' que esqueceu de 'ser'. Em seu enterro, Nick é a única pessoa que realmente faz questão de estar lá. Ele também deseja que o amigo seja prestigiado, e por isso, não mede esforços para ir atrás de pessoas que ele acredita sentirem amizade por Gatsby, mas ninguém aparece, apenas seu pai e seus empregados.

Gatsby passou a vida se preocupando em enriquecer e exibir sua riqueza para chamar atenção de Daisy, não se importando de onde o dinheiro vinha. Pouca integridade, respeito, amizade. No final, não teve quase ninguém para velar seu corpo. Fitzgerald queria falar do que acontece com pessoas que se ocupam mais do 'ter' do que do 'ser'.

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